- Está na hora de te fazeres uma mulherzinha! - dizem-me eles em tons condescendentes enquanto me dão palmadas nas costas e esperam que os paradoxos que criaram não se propaguem muito para além do meu B.I.. Eu faço ouvidos moucos como tenho feito toda a vida, aliás é o que de melhor tenho feito toda a vida, para não lhes dizer crua e cruelmente que não me interessa superar-me. Que não procuro o meu êxito. Que já há muito me habituei à minha mediocridade. Eles sim almejam o meu sucesso. Espelham-se na minha realização. Eles sim só eles querem o meu bem.
- Já estava na altura de te vermos com algumas concretizações, menos ideias e mais acções... - dizem com mais uma palmadinha. Eu sinceramente vivo bem no meu mundo procrastinado onde me maldigo insistentemente por nunca cumprir com o que me proponho e por nunca me propor a cumprir o que maldigo. Eles, os outros é que não vivem bem comigo e eu por conhecer o seu mal-estar disponho-me também a ser incómoda. E assim vamos vivendo condescendentemente numa comichão cómodamente suportável.
Oh, se vos dissesse a verdade....não me interessam os desafios intelectuais, não me interessam as novas gramáticas, as bases da filosofia ou o direito universal, não me interessa ser um pequeno génio da matemática, descobrir a cura para a sida ou criar novas correntes artísticas. Interessa-me sim tão profundamente o desafio dos mistérios subtis da natureza humana e se vocês me observassem como eu vos observo perceberiam que nada há de mais fascinante que estas ligações simples que estabelecemos.
Muda a maré
Há 5 dias
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