segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A verdade nua e crua I - Análise precisa e necessariamente cínica sobre o estado das nossas coisas

Agora sem eufemismos; - Vou falar-te, fugindo à regra, sem eufemismos.
Eu gostava de sonhar menos, de querer menos, de saber menos, de ver menos, de procurar menos, de adequar-me menos, de revoltar-me menos, de idealizar menos, de preocupar-me menos, de falar menos, de reviver menos, de massacrar-me menos, de destruir-me menos, de destruir-te menos, de crescer mais devagar,de ter menos pressa, de ocupar menos espaço, de saborear mais, de fingir mais, de entregar-me mais, de concretizar mais, de infantilizar-me mais, de ver menos mundo, de ver menos pessoas, de encontrar mais.
A verdade é que a culpa nunca foi tua. Eu já nasci menos querendo muito mais. O teu ventre criou-me insatisfeita e eu, na verdade, nunca procurei satisfazer-me....Quero, cruamente, explicar-te que as nossas divergências são e serão sempre como uma força da Natureza. Nunca desejámos coexistir no mesmo espaço-tempo - eu respiraria puramente noutro espaço, tu envelhecerías tranquilamente noutro tempo - mas fizeram-nos assim e eu, mãe, já aprendi a desculpar-te.
A luta cresce todos os dias e eu continuo a exigir demasiado, a invadir espaços que não são supostos, a indagar sobre o mundo e sobre o outro, a procurar-te demasiadas vezes e tu, sem culpa, a desiludires-me na mesma proporção.
Nunca te poderei, sem remorso, explicar o carácter frágil, paradoxal e impessoal da nossa relação. Tu finges conhecer-me com todas as armas de uma Ciência que até hoje creio que não domines muito bem e eu finjo que esse pouco que conheces é o que realmente sou. Vivemos nesta relação dissimulada, fazendo vista grossa à verdade e à realidade, acalmando-nos, mutua e estranhamente, com o facto de ambas sabermos que estamos a mentir.

(...)

Eu continurarei, infrutiferamente, a divagar muito para além da minha cabeça. Romperei todos os espaços não delimitados com o meu cérebro caleidoscópico; disparando em todas as direcções ideais e valores que voltarão ricocheteando para mim com bilhetes e papelinhos chamando-me burguesa de merda. Até que um dia, quem sabe, finalizarei todas as tarefas que planearam para mim e entregar-me-ei à minha infeliz idealização do Amor e uma Cabana. E, para me salvar a mim, salvarei o mundo ao meu alcance...

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

"Batem as portas, em tons de suicídio, como se fossem um corpo a cair do nono andar..."

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Soit je meurs, soit je vais mieux

Elaine Wyatt: What happened to that beautiful little girl?
Candy: What happened? What happened? Can't you see? Don't you understand? I have been clenching my fucking fists since I was six years old!


Passas-me a mão pelos ombros demasiadas vezes.
Eu afasto-te, com a sádica inocência do que parece bem aos outros ou do que será politicamente correcto. Tentando ser inconscientemente feliz - conceito, para mim, inalcançável - transformo-me numa cínica miseravelmente consciente.
A nossa relação já se materializou o suficiente para que a não deixe evoluir. Quero que me impregnes com todos esses termos com que te adornam e idolatram para te manterem à distância. Quero que lhes fodas a cara toda com as palavras feias que usas todos os dias. Quero que me autorizes a dedicar-me unica e exclusivamente a esta misantropia infeliz.
Só quero que chegues, finalmente, até mim; me chames cobarde, o que tu quiseres, e me leves de volta.

domingo, 15 de agosto de 2010

Almost Blue

Tendo, por norma, a manter platonicamente distantes estas minhas paixões esquizofrénicas. Quanto maior o distanciamento, mais tranquilizante se torna. Conformo-me com a ideia, apaixono-me pelas poucas palavras que lhe conheço e habito o confortável ideal de que gosto dele.
Faço sabotagens ao dito amor sem que ele tenha a oportunidade, ainda que prematura, de se afirmar.
Sem qualquer reconhecimento físico ou aproximação táctil, construo-te e desconstruo-te as vezes que quiser dentro de mim. Tu nem sabes, mas coabitamos alegremente numa poetização idealizada.
Matando o amor, mato-me de fome.
Mas assim é mais fácil…
Sem justificações.
Sem evoluções.
Sem expectativas.

domingo, 8 de agosto de 2010



Os loucos não estão disponíveis para (se) amar.
Melancolia subversiva, perversa e mutiladora,
consome-te os dias só de a ponderar.
A caixa fecha-se, fecha-se e tu ficas lá dentro.