quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Dislexia I

Desci a descida como quem sobe uma subida. Cheguei ao fim e ri-me, a encosta estava a arder; curioso, estava a chover a potes. Em seis meses, nasceram-me três irmãos, cada um de um pai diferente.
Acredito e entendo que a partir do momento em que te vir o mundo vai descer, ou se calhar, ficar de pé. Fico à espera, como sempre, que venhas depressa na tua habitual hora que nunca é a mesma.

É precisamente esta luta da pessoa contra si própria que me interessa




"Não acho que o ser humano seja pacífico. Penso que não se evoluiu desde a Idade da Pedra e que o verniz social que nos protege da selvajaria é inquetantemente ténue, está sempre prestes a estalar. Ponho quatro pessoas dentro de um elevador que se avaria de repente e elas ficam doidas. (...) Eu escrevo teatros de nervos, porque são os nervos que nos comandam. As personagens que componho desde sempre são pessoas bem-educadas que pretendem manter a compustura. Mas como também são muito impulsivas, não conseguem manter as regras que impuseram a si próprias. Vão derrapar, mas sempre contra a sua vontade, mesmo quando estão em plena derrapagem. É precisamente esta luta da pessoa contra si própria que me interessa." Yasmina Reza sobre "O deus da Matança"

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O que faz um lugar é o ponto de vista com que o encaramos e a abertura a que predispomos o nosso espírito para contemplá-lo.

Tento todos os dias olhar para as coisas como se não as conhecesse. Vê-las com o olhar de turista que tantas vezes desejo ter pelos sitios que conheço. É dificil não julgar os lugares pela relação subjectiva que temos com eles. Como se eles fossem feitos pelas pessoas, os hábitos ou as palavras. E são! Mas não chega...
Todos as manhãs acordo e penso na infinidade de coisas que me podiam acontecer, por mero acaso, e mudar-me, agitar o meu mundinho, parar-me o comboio ou pelo menos andar lado a lado com ele. É incrivel como imediatamente a seguir me levo a acreditar que aqui nunca acontece nada, se calhar em Nova Iorque ou em qualquer outra parte do mundo, mas aqui não.
Nos últimos 9 meses (numero curioso), experienciei um buffet de emoções, tipicas de quem precisa desesperadamente de se adaptar, como qualquer ser humano, alias como qualquer ser vivo. Mas o buffet pode esperar....Hoje preciso dos lugares.