"(...) É preciso que saibas que entre a liberdade e a segurança, a grande maioria nunca escolhe a liberdade. A liberdade precisa da coragem de lutar com o medo, sem a certeza de o vencer. E o medo existe sempre, ontem, hoje e amanhã, e a coragem é tão rara como o espírito que ama a liberdade. Agora, regularmente, somos convidados a usar o boletim de voto para escolher a burocracia que vai gerir a nossa miséria.
(...)
Prefere-se correr o risco da desumanização a correr qualquer risco que ponha em causa a nossa segurança, conforto, bem-estar. O fito das nossas vidas regula-se por algo tão abstracto e instável e ilusório como estar bem, ficar bem, continuar bem, e para tal todos os meios são aceitáveis. Ambicionar outra coisa é loucura ou estupidez. E, é claro, sentimo-nos cada vez piores, como não podia deixar de ser. A dor, o sofrimento, a perda têm de ser eliminados através do esquecimento. Só se for assim.
(...)
Os tempos condicionam-nos, mas não nos atingem de modo a que possam ser transformados, convictos de que viver só pode querer dizer viver livre, mesmo quando forçados a aceitar a máscara da escravatura, do escravo que é mais livre do que o senhor que dele depende. (...) "
Pedro Paixão
Muito, meu amor
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