domingo, 28 de novembro de 2010

If only I could

Se ao menos pudesse dizer-vos que não.
Destruir os muros ou elevá-los tão alto ao ponto de me deixarem de ver.
Se calhar já o fiz, se calhar foi de próposito, pode ter sido sem querer.
Se pudesse, ao menos, acabar com as expectativas
Com as ideias feitas, com as projecções, com a minha vontade sobrehumana de não desiludir, nem iludir.
Se vos pudesse explicar que no meu tubinho de vidro já não cabe mais ninguém
O meu perímetro de segurança está demasiado cheio de mim, para mim
Para vós, não...Não é possível
Já não equaciono sequer a hipótese de sobreviver à base de relações humanas
Já não equaciono um futuro, uma década
Um presente continuado.

Não me é possível futurar nada mais que a próxima hora
Só me é possível continuar as minhas necessidades animais
De forma a existir, a respirar, no modo vegetal.
Não quero que tenham pena de mim, que se preocupem, que me queiram estabilizar
Não tenho ligações.
Eu repito, não tenho ligações.
Não há nada mais que uma península familiar a fazer os possíveis para me ligar ao mundo
A socializar-me, educar-me,
"Tira os cotovelos da mesa"
"Não quero ervilhas congeladas"

Não quero isso, não quero nada disso.


Vivo um intenso conflito interno entre tornar-me um ser:
humano, cosmopolita, sociável que se projecta e realiza
e um ser fechado nos confins da sua existência  blasfemando-se eremiticamente.

1 comentário:

  1. A questão é mesmo que podes dizer que não. Mas talvez seja esse "não sei quê", o haver algo que te impede de dizer que não, que te mantem ligada.

    Gostei do teu espaço.*

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