o tempo é uma invenção,
do que não existe,
que não existe.
tendo calma conto
os segundos da convenção
eles, contam, ao ritmo deles.
eu, invento novos segundos, novos minutos
e outros separadores de tempo
como os cigarros.
quando amo
não existes
porque não deixo.
tu não me deixas
e chamas-me para jantar
a carne está sempre fria.
quando paro para pensar
que a carne está sempre fria
demoro-me a perguntar se esta convenção já existia.
o céu já foi construído hoje?
não o organizes
não és natural.
afasto-me do que chamam rotina
tu não me deixas
não me deixas.
achas que nasceste para viver assim?
sempre preso a um centro
sempre rodando num círculo.
o sol vai transformando a luz
a luz transforma-se numa outra luz
e tu ficas, eternamente, preso.
se és eterno, eternamente
reinventa-te, eternamente
a rotina mata-te internamente.