eles dão-me drogas para me cegar.
eles lá me receitam para me calar.
eles fazem-me perguntas por perguntar.
(talvez eles nem saibam o meu nome), mas continuam a indagar.
Do outro lado da secretária, imponentes, eles escrevinham no papel e atestam:
ela, está doente.
eu afogo-me ora num sofá
ora noutro. novamente num. para voltar novamente ao outro.
fungo umas tristezas para o lencinho. e afogo as mágoas no profissional e sempre cuidadosamente distante ombro de alguém.
digo que sim para não lhes dizer que não
respondo não sei porque as perguntas feitas são sempre as erradas
e eu não minto, nunca
eu omito
lá me vou drogando à sua mercê porque afinal não tenho nenhuma melhor opção
ou me entrego aos meus diabos ou aos seus químicos.
e então aqui estou deste lado do sofá a assistir a todos a correr de um lado para o outro calmamente apressados para tornarem a minha vida algo suportavelmente melhor.
e eu simplesmente já não me importo. venho aqui mensalmente ou quinzenalmente picar o ponto aos meus enjoos desta gíria. eles dão-me palmadinhas nas costas e dizem-me "parabéns, está a evoluir muito bem".
eu? eu vou mas é deixar-me afundar no sofá enquanto eles gritam nomes complexos. Já agora aproveito para me fazer de vítima e pensar como é fodido ter o diabo no corpo.
tudo a borbulhar
Há 3 semanas
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