terça-feira, 2 de novembro de 2010

O caracol

O caracol tapou bem os olhos

Com cera,

Meteu a cabeça no peito

E olha fixamente

Para dentro.



Em cima dele

A casca —

A sua obra perfeita

Que lhe mete nojo —



À volta da casca

O mundo,

O resto do mundo,

Disposto aqui e além

Segundo certas leis

Que lhe mete nojo —



E no centro deste

Nojo universal

Está ele —

O caracol,

De que sente nojo.



















marin sorescu


simetria
tradução colectiva revista, completada e apresentada
por egito gonçalves
poetas em mateus
quetzal
1997

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