Eu vivo numa realidade paralela
Conecto-me aos outros porque é uma conexão necessária
Dela, nunca me desconecto
Nunca é possível
A automatização deste mecanismo é algo de sobrehumano
E quando penso desligá-la habituo-me a continuá-la
Acostumei-me a ter estas vozes por companhia absoluta
E o silêncio universal nunca me existiu
Arrotinei-me a viver
Todos os dias a viver
Todos os dias
Todos...Todos os dias
Elas arrotinadas estão
E, todos os dias, caminham ao meu lado
Esperando ansiosamente que chegue a casa
Que fique sozinha
Só para lhes dar atenção
Eu, mundana, concisa, real
Habituo-me a ouvi-las
E a deixá-las passar
Pelo resto do mundo
Eu, idealista, abstracta, projecção
Dou-lhes ouvidos
Atribuo-lhes forma e credibilidade
Pelo meu futuro
Eu, ídilicamente, acho-vos possíveis e realizáveis
Eu, realmente, renego-vos ao metade de nada
Por vocês serem o Universo
Eu obrigo-me a transformar-vos na minha casa
Por vocês serem impraticáveis
Eu obrigo-me a anular-vos
Vocês são, e serão sempre, a minha realidade
Porque sem vocês a realidade dos outros seria bastante mais negra
Mas deixem-me em paz, por favor
Que já não consigo viver comigo
Muda a maré
Há 1 semana
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