segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Muito prazer

"Não está triste, não sabe bem como está. Não há ninguém para lho perguntar. (...) O relógio a andar. Se fosse corajoso zangava-se. Todos os dias o mesmo vazio a pesar-lhe na cabeça e no corpo. Cheio de não ter feito o que queria, de nem saber o que podia ter feito. Cheio de não odiar. (...) Se pudesse zangava-se. (...) Se pudesse isolava-se. Passava a ser um nobre eremita, sem relações íntimas nem ambições. (...) Se pudesse tornava-se irascível, sarcástico e impossível de aturar. (...)"

Pedro Paixão, Viver todos os dias cansa

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