quarta-feira, 3 de março de 2010

Requiem for a dream

Todas as noites fumo o cigarro da minha janela.
todas as noites vejo a outra janela
com luzes azuis neon
zapp zapp ing zapping
nunca se desligou,
a televisão.

Só imagino velhas sentadas
com rabos podres e quadrados
em sofás mais carcomidos que o tempo da sua idade
com a forma dos seus quadrados rabos nas almofadas
de pele coçada por todas as hemorroidas de solidão
e solitárias que lá se sentaram todos os dias

velhas a comer merda
a ver lixo televisivo
só porque faz barulho
e foi a melhor companhia que o homem inventou.

A essa velha, da janela à minha frente,
só lhe vi as luzes...
Deve ter uma cara marcada com rugas de madeira
e ossos bem chupados
Droga-se com aquele esterco todas as noites, porque à noite
o silêncio toma conta da casa.

O silêncio é um mau amigo

Ela empanturra-se com aqueles brilhos
De felicidade falsa
E é feliz!

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