quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Invasão I

Lisboa, 1 de março de 2009
Podia dizer-te uma carrada de frases feitas como nada de mal dura para sempre, depois da tempestade vem a bonança ou o que não nos mata torna-nos mais fortes, mas não vou fazê-lo porque quero mesmo que percebas...
Acredita que nestes 6 meses cresci por dois anos e é com muita pena que já percebi que por muito que queira já não tenho 13 anos e o que tive contigo já não pode voltar. O que nos temos (ou tivemos) levou muito tempo a construir, foi preciso manter, irritar e acalmar, foi preciso cuidar e isso é algo que já ninguém nos pode tirar. Agora já tenho o distanciamento necessário para olhar para nós com o carinho que é devido e não com a raiva e o sentido de posse de antigamente. Sei que apesar de tudo, o que eu tive contigo vai levar muito tempo a construir com outra pessoa porque a segurança, o conforto, a confiança que tu me dás mais ninguém me pode oferecer. Pelo menos, como é óbvio, sem que eu perca tempo para que isso aconteça e, como estás farto de saber, também não estou em condições de refazer tudo isto com outra pessoa.
Adorava poder dizer-te que sim e tudo voltava ao que era antes, mas não...Porque mudámos e fico feliz por perceberes que os nossos interesses são demasiado diferentes. E eu quero e preciso de mais, quero sempre a perfeição sonhada, as minhas ilusões idealizadas e sei que estou mal e que é surreal acreditar que não posso falhar, que errar não é humano, que as coisas correm sempre bem logo à primeira e, acima de tudo, que a perfeição existe. Mas, tu sabes que preciso de tratar de mim, de por uma vez na vida ser saudavelmente egoísta.
Gostava tanto de estar contigo só para voltar a casa, só para me trazeres aquela ilusão reconfortante de que te preocupas comigo, de que me proteges, me dás miminhos e gostas de mim mas não posso Diogo porque não tenho o direito de te usar só porque já te conheço e és um porto de abrigo de todas as minhas confusões, dos meus sonhos e do meu crescimento.
Acho que não é saudável para ti depositares grande parte da tua felicidade em mim porque, tal como eu, também cresceste. Sabes que acredito que ainda podemos ser muito felizes e que como amigos temos muito para dar. Também quero que saibas que, ao contrário do que possas pensar pensar, aquilo que se passa contigo não me é indiferente e que me interesso muito pelo teu bem-estar.
(...) E se há lições que já aprendi é que é perfeitamente normal estar sozinho porque a solidão é reorganizadora, que é perfeitamente normal ter dias de merda como também é perfeitamente normal saber que as coisas se endireitam pouco tempo depois, que às vezes pessoas que não estás à espera te surpreendem e acabam por tomar papéis importantes na tua vida. E que, por muito que aches que não, tens sempre muita gente que gosta e se interessa por ti.
Sabes que nunca tive jeito para escrever mas o que quero que saibas é que quero mesmo que fiques bem e que sejas feliz e que, aconteça o que acontecer, podes sempre contar comigo...
Gosto muito de ti!

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