as pessoas conhecem-se pelos rótulos. acima de tudo pelos rótulos, eu acho. conheci uma miúda a quem de imediato já chamava virgem. tudo nela era virgem mas principalmente a sua cona, eu acho. a sua cabeça ainda que cheia de pensamentos sádicos e mórbidos funcionava de uma forma pura e transparente. a vida é justa, as pessoas são boas e quando faz sol fico contente, o habitual, eu acho. sem quaisquer precedentes negros ou violentos a virgem idealizava, de forma ingénua, situações extremas onde passava mal. era a sua maneira de se desflorar mentalmente, eu acho. o mundo dá pontapés, a ela só lhe chegavam festinhas mas ela queria à força ser espancada. no fim de todas as idealizações a virgem agradecia a Deus, como lhe ensinaram que devia agradecer, por os pensamentos não se ouvirem. o azar da virgem foi um dia conhecer-me, eu acho. enquanto ela me falava, de uma forma inconscientemente eclética, da escola, dos pais e do quotidiano, eu observava o touro negro que lhe inteirava o cérebro.
e o touro disse-me, com os olhos:
"a virgem deseja ser violada por alguém que lhe rebente a virgindade. para que tenham pena dela, eu acho."
tudo a borbulhar
Há 3 semanas